Tenho sérias dúvidas se o brasileiro quer mesmo acabar com a corrupção. Infelizmente, tendo a perceber que o que mais incomoda não é o ato e sim a não participação. Brasileiro adora uma “bocada”. O que causa a indignação, a meu ver, é mais o fato de que alguém está “se dando bem” e ele não está levando nada. Há ainda a falácia, propagada sobretudo pela mídia comprometida e pela oposição “honesta” de que, se não fosse a corrupção, o país estaria melhor.
A espetacularização do chamado ‘mensalão’ reforçou essa ideia, bem como aquela de que cadeia resolve o problema e que corrupção deve se tornar crime hediondo, como se somente esses recebessem a devida punição. Os “grandes corruptos brasileiros” estão presos e lá devem permanecer a bem da melhoria do país. Ledo engano. Primeiro que os maiores corruptos não estão de fato presos, segundo que o país não melhora nem piora com isso e terceiro que sempre se esquecem que só há corrupto por que há, do outro lado, o corruptor.
Mas acredito que o que mais contribua para a disseminação da corrupção seja a figura do corruptor, aquele que propõe e que mais se beneficia de favores e benfeitorias.
E a figura do corruptor, na qual muitos não se identificam, ou fingem não se identificar, ou nem sabem o que é, também acontece no dia a dia, no, digamos, “varejo”, quando, por exemplo, o sujeito parado por um policial de trânsito, oferece algum valor para não ser multado. Isso também é corrupção, mas quando é com alguns, preferem desmerecer, desqualificando como insignificante. Insignificante nada! A oportunidade que apareceu para ele foi essa. Se aparecesse uma maior, certamente também faria, confirmando a tese exposta acima. Ou seja, para acabar com a corrupção temos, às vezes, que começar por nós mesmos.